POLÊMICA

Ministério da Saúde suspende nota sobre aborto legal, após críticas

A justificativa do MS diz que considerou os pedidos de várias instituições do sistema de Justiça, para que essa determinação pudesse ser adequada às normas já existentes


Após inúmeras críticas da oposição ao governo Lula (PT), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, suspendeu nessa quinta-feira (29) uma nota técnica que cassava o prazo para o aborto legal no país. Conforme o Ministério da Saúde, o documento foi suspenso devido ao mesmo “não ter passado por todas as esferas necessárias, tão pouco pela consultoria jurídica”.

Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A nota divulgada pelo MS indicava a derrubada da orientação do próprio ministério (publicada em 2022, na gestão de Jair Bolsonaro – PL), que determinava o prazo de 21 semanas e 6 dias para o exercício do aborto legal.

A justificativa do MS afirma que a decisão de cassar a resolução de 2022 considerou os pedidos de várias instituições do sistema de Justiça, para que essa determinação pudesse ser adequada às normas já existentes.

Conforme a atual legislação sobre a liberação do aborto no Brasil, o procedimento só pode ser concedido quando a gestação colocar em risco a vida da genitora e quando a gravidez é resultado de estupro, sem o estabelecimento de um marco temporal. Contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, em 2012, que o aborto em caso de anencefalia fetal também é legalizado, ou seja, quando o cérebro do feto está em má formação.

A decisão do Ministério da Saúde, na primeira portaria, defendeu que “não cabe aos serviços de saúde limitar a interpretação desse direito, especialmente quando a própria literatura/ciência internacional não estabelece limite”.

Segundo o MS, a normativa de 2022 abriu margem para que os serviços de saúde negassem o acesso ao procedimento, embora os mesmos tenham a permissão da lei.