Realizado pelo governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), o evento promove um espaço onde é possível compartilhar saberes e estimular a criatividade dos jovens da região.
A mostra deste ano está marcada para os dias 21 e 22 de novembro no Colégio Armando Nogueira, em Rio Branco, e vai reunir 162 trabalhos de alunos das redes estadual, federal e privada. Com o tema Tecnologias e Saberes Tradicionais para uma Amazônia Sustentável, vai contar também com a participação de estudantes do Amazonas e de Rondônia.
Como tudo começou
A história da Viver Ciência começou em 2015 com o tema Luz, Ciência e Vida. A edição foi inspirada pela 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em Rio Branco no ano anterior.
“Após a SBPC, sentimos a necessidade de criar algo grandioso, que pudesse continuar estimulando a ciência entre os jovens acreanos. Foi então que começamos a planejar a primeira edição da Viver Ciência”, relata Anne Ruela, uma das idealizadoras do projeto e que hoje é coordenadora-geral da mostra.
Já nos primeiros anos, a mostra foi se consolidando como um evento anual de grande destaque no estado, expandindo-se para além da capital acreana. Em 2017, por exemplo, o evento começou a incluir o Ciência Itinerante, com ações que antecediam a mostra principal e levavam oficinas, exposições e atividades científicas a escolas de outras regiões do Acre.
Em 2018, além da edição de Rio Branco, que teve a participação de 130 escolas, 308 projetos e parcerias internacionais, recebendo caravanas de alunos do Peru e da Bolívia, o tema Amazônia Viva contou com um evento secundário em Cruzeiro do Sul, segunda maior cidade do estado, com uma programação de 25 projetos, oficinas e atividades interativas.
A edição de 2019 foi realizada no Parque de Exposições de Rio Branco e consolidou o evento como uma plataforma robusta para a ciência no estado, com a participação de mais de 30 mil pessoas. Anne relembra que foi uma das edições mais desafiadoras: “Produzir o evento no Parque de Exposições exigiu um grande esforço logístico, mas garantiu um impacto ainda maior na comunidade”.
Adaptação ao virtual
Com a pandemia de covid-19, as edições de 2020 e 2021 precisaram ser adaptadas ao ambiente virtual. No primeiro ano da pandemia, o tema abordado foi Inteligência Artificial: Preservação e Desenvolvimento da Amazônia e a mostra se transformou em uma gincana online, com desafios e atividades interativas.
“Foi uma gincana virtual grandiosa, que desafiou nossa equipe a encontrar novas formas de engajar os estudantes, mesmo a distância”, explica Anne Ruela. Em 2021, sob o tema A Ciência a Serviço da Vida, o evento virtual foi estruturado como uma série de atividades interativas realizadas via redes sociais e plataformas digitais.
Retorno ao presencial
Em 2022, a mostra retornou ao formato presencial, revitalizando o entusiasmo dos participantes com atividades interativas, oficinas e apresentações culturais e, em 2023, a 9ª edição trouxe o tema Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade para o Futuro, reunindo 70 escolas que apresentaram 340 projetos científicos no Instituto de Educação Lourenço Filho, na capital.
Foi nessa edição que a estudante Ariel Cristine Souza, da Escola Estadual José Rodrigues Leite, teve sua primeira experiência apresentando o projeto de astronomia Olhar de Galileu. “Foi emocionante, porque a gente teve contato e divulgou informações de que muitas pessoas têm carência. Na noite do primeiro dia, por exemplo, ensinamos as pessoas a usar o telescópio, e foi e primeira vez que vi Júpiter”, conta.
O professor que instruiu Ariel, James Barbosa, participou de todas as edições da Viver Ciência, com diversos projetos ao longo dos anos, tendo como destaque o de astronomia, que contou com apresentações em 2002 e 2023, e o Khan Academy, de matemática, que envolveu grande número de crianças e adolescentes do Instituto São José e escolas Boa União e José Rodrigues Leite.
“Tenho muito orgulho de falar que, de cada dez alunos que participaram comigo nos projetos, dez hoje cursam ou já concluíram a universidade. São profissionais que foram colocados no mercado de trabalho, que ‘pegaram’ a sua paixão nas áreas de matemática, astronomia, ciências e tecnologia; e o ponto de partida foi a Viver Ciência”, celebra.
História de quem vive a ciência
A professora de química Abigail Santana começou sua trajetória na Viver Ciência em 2018, como aluna, apresentando trabalhos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação da Docência (Pibid) da Univeridade Federal do Acre (Ufac), e em 2019 foi voluntária da edição realizada no Parque de Exposições. “Participar da Viver Ciência me fez querer continuar minha licenciatura e de fato ser professora”, ratifica.
Hoje Abigail continua participando da Viver Ciência, agora como professora orientadora de diversos projetos da Escola Estadual Dr. João Batista Aguiar, entre eles a produção de bioplástico. O processo, feito a partir do amido da mandioca, com adição de glicerina, hidróxido de sódio e solução e ácido clorídrico em solução, forma um material biodegradável que pode ser utilizado como alternativa ao plástico derivado do petróleo.
A estudante Jennifer Mendes, que participa do projeto, relata que a intenção é introduzir ideias sustentáveis e uso de materiais biodegradáveis no meio da comunidade escolar. “Como o plástico convencional polui muito o meio ambiente, temos que começar a pensar em materiais que poluam menos”, explica.
Para Abigail, a mostra ajudou a consolidar seu projeto de vida como profissional: “Participar da Viver Ciência como professor é recompensador. Os alunos se sentem protagonistas e divulgadores da ciência. Eles podem mostrar que suas ideias e projetos são importantes e que a ciência está ao alcance de todos”.
Fonte: Agência de Notícias do Acre