PATRIMÔNIO MATERIAL

Casa de Chico Mendes é reaberta para a visitação pública

O imóvel, que ficou coberto pela água após fortes chuvas no início do mês, foi todo limpo e recebeu de volta o acervo


Depois de 15 dias fechada no início de março, a Casa de Chico Mendes está novamente de portas abertas, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 17h. O local onde viveu o líder acreano e que reúne acervo histórico sobre o ofício dos seringueiros no estado ficou coberto de água após as fortes chuvas que castigaram a cidade de Xapuri (AC) há 15 dias. Uma força-tarefa entre Corpo de Bombeiros, Prefeitura Municipal de Xapuri e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi montada quando a Defesa Civil divulgou o alerta de que nova enchente ameaçava a casa.

Foto: Divulgação

Antes que as águas subissem e ultrapassassem os 12 metros de altura, a equipe pôs em prática o plano de contingência para proteger o bem e o seu acervo. Os objetos e a mobília foram retirados e levados par o campus da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Xapuri. Tombada como Patrimônio Cultural Brasileiro desde 2007, a Casa de Chico Mendes fica a apenas 100 metros do Rio Acre. Essa característica, além do fato de estar próxima a uma densa floresta, envolve a antiga residência do líder seringueiro em dois riscos importantes: o de incêndio florestal e o de alagamento.

Esses são os dois grandes pontos de atenção que norteiam o plano de contingência elaborado especificamente para proteger o imóvel e seu acervo. “Assim que as águas começaram a subir, todos os entes envolvidos na proteção deste bem se mobilizaram para colocar em prática nosso plano de contingência”, explica o arquiteto e chefe da Divisão Técnica do Iphan-AC, Gabriel Mota. Esse esforço coletivo para proteger o bem foi fundamental para que o espaço pudesse ser preparado para voltar a receber visitantes. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Xapuri, responsável pela gestão da casa, informa, ainda, que não é necessário agendamento prévio para a visita.

Símbolo de luta e resistência 

Seringueiro, ambientalista e sindicalista, Chico Mendes se tornou líder dos trabalhadores de seringais e ganhou notoriedade mundial ao defender a preservação do meio ambiente, melhores condições de vida aos trabalhadores amazônicos e o extrativismo como alternativa a um modelo predatório. “Sou um seringueiro, meus companheiros vivem da floresta há 130 anos, aproveitando a sua riqueza sem destruí-la. A Amazônia possui os maiores recursos biológicos do mundo”, discursou Mendes ao receber, dentre vários reconhecimentos, o Prêmio da Sociedade para um Mundo Melhor, recebido nos Estados Unidos, em 1987.

A voz do seringueiro ecoou no mundo todo, em defesa da floresta. E foi lá que ele continuou morando até ser assassinado dentro de sua própria casa, a mando de fazendeiros da região. Além dos objetos e da mobília, a própria característica arquitetônica do lugar traz peculiaridades que a tornam especial. Localizada na rua Batista Moraes, número 487, a residência é símbolo da arquitetura vernacular amazônica. Toda construída em madeira, ela tem quatro cômodos – sala, cozinha e dois quartos – armada em esteios e estacas sobre os quais repousa o assoalho, e perna-mancas e frechais, que sustentam o telhado, culminando no formato de chalé.

Fonte: Gov.Br